sexta-feira

Orfanato

Tenho saudade de encontrar pessoas para não fazer nada. Hoje, enquanto durmo, sonho com plantas amplas, vazias e em mau estado, com risco de queda ou mutilação, onde vivo aventuras com gente que encontrei à toa em museus, orfanatos, prédios com piscina na sacada, edifícios de outono quente com amendoeiras vermelhas onde somos saudáveis, e em galpões com elevadores sem cabos, que flutuam, sem equipos de segurança, de qualquer lugar para qualquer lugar. Os programas combinados de antemão me empurraram para os sonhos. Ontem descia por um elevador de sobremesa para ajudar as crianças do orfanato, acho que era uma delas. Lembro de fingir que já estava lá, depois de passar por um basculante, saindo de um banheiro. Estava limpo. Acreditaram. Tinha lacrimogêneo.

3 comentários:

Matheus José Mineiro disse...

'' acontecem em uma arquitetura vazia e em mau estado''

''museus
orfanatos
edifícios
prédios
galpões '' escalação acimentada .curti as figuras que as seguiram .
entao to aqui instigadão com relação a esse abandono que é orfanato,do sair limpo mas encostado no lacrimogenio.a figura do bascolante.boa.-esse elevador de sobremesa? me soa como uma ultima valvula,ultima tentativa.isso?
''Os programas combinados de antemão me empurraram para os sonhos'' isso ta cotidianíssimo...

Heyk disse...

massa, mano! a gente segue. dei um tapa na arquitetura, tava descontente. vê se gosta.

Matheus José Mineiro disse...

da arquitetura para a planta,podendo ser a planta arquitetonica,...nao foge da amplitude que quer mostrar.Arquitetura tem fonemas mais toantes ne.

fortuitos x antemão . ta legal no decorrer do poema.

''que flutuam sem equipos de segurança '' equipamentos ,seria?

contudo é o final que ta me instigando.,essa junção do adjetivo limpo,seguido do lacrimogenio ,algo tao suburbano e solto(gás). dentro de um ambienta de abandono.....''.... Estava limpo. Acreditaram. Tinha lacrimogêneo.'' o elevador de sobremesa,ta perfeito.Doce.

crédito do desenho no cabeçalho: dos meses duro, nanquim sobre papel, 2010 Philippe Bacana