O sol nasceu gelo num corte abstrato de terra
O holograma sentinela deixa o posto pra admirar a árvore
[Nove metros de lata digital beijam uma folha quase seca]
.
A luz laça meu castanho-verde lanhado de vermelho e areia
...............Reflete no latifúndio prata esculpido à navalha
.......E monta um totem hereditário cor veneno do cerrado
.
.Fitas de seda setam a sincronia do ar
........Se atracam no pescoço da idéia
..Formam figuras de guerra no espaço
............Depois balões pra carregar a
..........imagem distorcida da matéria
.
......................O couro fino do chão esconde
......................A camada de execução neurótica
......................Em baixo de cada passo
.
[Bons truques de dança podem começar uma era]
.
..............A ciranda voa sobre claves de aço
Num redemoinho de asas que entra na árvore
.
Os luares racham o céu de ameixa
.
E duas bandeirinhas cor de mundo
E as andorinhas no sentido oposto
.......São o elo do cordão da festa
.
.
...A maçã do meu rosto
.........,.......é o gosto
..do seu olhar caramelo
.
.
Comentários à mostra:
Muito bom, Heyk, muito bom mesmo. Explosivo.
Me lembrou o maravilhoso grafite de maio
de 68:
"QUANDO O TOM DA MÚSICA MUDA, OS MUROS
DA CIDADE TREMEM"
........... ........Sergio Cohn
Ótimo texto, segue na imagística pois a sua tem
força.
Unté,
.....................Guilherme Zarvos
Está ficando perceptivelmente melhor. pelo menos
pra minha interpretação está bem melhor e consigo
imaginar mais as coisas e ver sentido nelas.
Tem que considerar também que eu tô lendo ela desde
a primeira versão. mas tá ótima, tá linda sabe? são
cenas lindas...
“totem hereditário cor veneno do cerrado"
Essa parte aí me chamou atenção agora. gostei
de pensar nisso, ficou bom!
.....................Philippe Bacana
Heyk, tá genial.
Isto aqui é brilho puro:
"Bons truques de dança podem começar uma era"
................... Gilson Moura
Heyk,
é tão difícil falar sobre poema seu. gostei muito
desse seu novo poema! cada vez que leio encontro
coisas novas. Adorei "Nove metros de lata digital
beijam uma folhaquase seca"!!! me faz pensar que
já já vai ser assim, nós vamos ou as máquinas vão
estar vangloriando qualquer sinal de vida, de
natureza ou que foi vida. Que até uma folha seca
vai ser beijada e uma árvore vai ser admirada!
rs... O poema tem altos e baixos! Começa forte,
explosivo e depois fica leve com "Fitas de seda
setam a sincronia do ar", explosivo de novo e leve
e romântico no final! Alguns versos do poema
têm um peso muito forte quanto à natureza, as
máquinas que estão destruindo tudo, quer dizer o
homem. coisas que me remetem a destruição. tudo
está acabando!
"O sol nasceu gelo num corte abstrato de terra /
O holograma sentinela deixa o posto pra admirar
a árvore / [Nove metros de lata digital beijam uma
folha quase seca]"
"Reflete no latifúndio prata esculpido à navalha"
"O couro fino do chão esconde / A camada de execução
neurótica / Em baixo de cada passo"
"A ciranda voa sobre claves de aço"
"E as andorinhas no sentido oposto"
Esses versos que me fizeram pensar isso! Gostei bastante!
Espero que entenda o que escrevi...
9 comentários:
A poesia é um emaranhado de estímulos sensoriais lançados por impulsos imagéticos. O que se tem é um apanhado de objetos e cores em movimento de dança, polvilhados de esporádicas frases geniais, como "Bons truques de dança podem começar uma era". É só. Se há conotação por trás das palavras, se há mensagem ou sumo do todo, afundou na areia da entropia. Tudo que jaz na poesia dança na superfície da mesma. Quebrar esse chão gera cacos, jamais respostas.
O que há é a poesia das impressões e estímulos através da geração de imagens. A partir disso tem-se a dança, a música, o batuque, o belo. O significado não, mas o desejo, a vivacidade, a energia e o som.
Heyk, ler Maçã do Amor é assistir a um espetáculo de dança, ou passear na praça num dia festivo em qualquer cidade do nordeste, ou ainda andar pela Paulista ou pela Augusta numa madrugada. Ler Maçã do Amor é ver cores e objetos, acima de tudo.
É toda desordem e toda beleza do olhar o mundo em poesia.
como podemos criar nossa realidade? nosso sonho, nossos sentimentos?
acho q esse poema aponta para o começo. ñ vejo apocalípses aqi, pq sempre penso q nosso limite d coisas é o sedentarismo absoluto, aqi tem mto movimento.
......................
vc mexe mto com a forma. é difícil entender palavras q ñ vão d acordo com seu próprio sentido e são como uma fotografia ou um curta metragem, sendo necessário q a gente atente para outras formas d entender as coisas com os quais ñ estou mto acostumada a lidar.
como no verso final, ond vc brinca com a noção dos sentidos "A maçã do meu rosto / é o gosto / do seu olhar caramelo" ou qdo cada passo se transforma em armadilha "O couro fino do chão esconde / A camada de execução neurótica / Em baixo de cada passo"
seu poema, como seu próprio verso, é "imagem distorcida da matéria".
bjo.
vou movimentando-me aqi para criar minhas estratégias pra t ler... q ñ é das tarefas mais fáceis!!! heheheheh é como ler uma obra das artes plásticas, poema-plástico-do-heyk. rsrssrrs
mais bjo.
ahhh, tem um cara q axo q vc vai gostar, principalmente seus primeiros textos:
http://ophicina.blogspot.com
o zambi.
bjo.
um beijo doce pr'ocê pelo texto da "Maçã..."
Gostei do "sol (que) nasceu gelo num corte abstrato de terra"; das "Fitas de seda (que) setam a sincronia do ar"; da " ciranda (que) voa sobre claves de aço num redemoinho de asas que entra na árvore"; dos "os luares (que) racham o céu de ameixa"... das bandeirinhas e andorinhas que "são o elo do cordão da festa"...sem falar do gosto caramelo do olhar de alguém na maçã do rosto...
licença para os grifos meus...
gosto de textos imagéticos assim...me fazem fruir com ele nos tons das cores que vou borrando sobre o texto ao transcorrer da leitura...
Gostei daqui!!!
Cada palavra é como um pequeno filme que passa na cabeça...
Filme que roda roda e se surpreende a cada nova palavra.
voltarei em breve.
beijo,
té.
...tem relações com a recente onda francesa do nouveau-surrealisme... ótimo poema!
pululam imagens distorcidas
imagens distorcidas pulam
as rimas faltantes adulam
beijos de sal nas feridas
o poeta dos versos de plástico, metal, silicone e concreto. e sal.
Mãe é fogo...
Muita doideira pra mim!Falta mesmo a tela do Bacana retratando a doideira!
Mas "a maçã do meu rosto é o gosto do seu olhar caramelo" é tudo de romântico. Concordam?
Parabéns filho! Me emociono toda vez que leio seu "trabalho".
Tá ficando velho vc, hein?!
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