quinta-feira

No casulo

Rendó de ilusões da zona sul. Com a Zélia Gatai morta esse corte fino linha funda não entra mais mosca. Três mentiras condensadas. Ninguém esquece da fala do personagem b. Ninguém aplaude o lado de dentro da cortina. E a essa altura o que tem de tamanduá migrando não tá escrito. No casulo que você mora não precisa de elevador pras emoções. Bomba de sucção fictícia. Ralos e ralos duma alavanca só. Quando a corrente estourou de vez fui andar à pé na boa. Mas o seu calo já é no coração. Então deixa a roda gigante solta. Pra ela rondar atrás de outra musa. Porque pra esse lado de cá a chuva tá caindo só fora da programação.

Do comentário de Victor Meira:
O caos da plasticidade se dissolve nesse convite à quebra da realidade que se tem, e à busca de um novo desejo que não o atual, ou contemporâneo de cada leitor, que perambula pela linguagem cotidiana e simples. É conselho de poeta em fala bem figurada. A proposta do universo figurativo se desgruda de conjuntos físicos e passa a coletivizar o tempo e os estímulos visuais em cada verso. E tudo gira em uma órbita magnífica.

10 comentários:

Victor Meira disse...

Que coragem no formato!

Heyk disse...

porque tava em branco? quase acidente. gostei da idéia. mas não quero pensar um formato bom pra isso. deixa pra próxima, penso que fazer isso com um conversa, ocultando parte dos diálogos seria fantástico.

Victor Meira disse...

Puta idéia.

Beatriz disse...

Gostei. Calo no coração, a roda rodando rondando atrás de mais um desejo. Acho que lá no começo tá confuso. Pq Zélia Gatai? Desenha?

Heyk disse...

Essa história da Zélia foi por causa do Rod Britto, ele falou num show da na sala do sino no dia que a zélia tinha morrido. Eu soube, os meninos me contaram depois. E resolvi colocar um flor lá no túmulo:

musas musas, tenhamos as nossas!

Naná disse...

Hã? (não pelo de cá, mas pelo de lá)

tomazmusso disse...

a sinestesia é a musa. sinto o cheiro do seu poema, e o vejo.
não sei se corro ou se fico, em direçao a, ou pra lá de.
estou

Heyk disse...

A proposta, tem um tempo é essa: fazer o poema tocar o sensível: não o coração: ah, tá bom, o coração também é sensível: mas a coisa mesmo do sensível é por onde a gente engole o mundo: os sentidos: nessa é que eu entrei nessa da poesia plástica: na poesia afagante do hipotálamo: E por aí a gente sente a musa.

Guto Leite disse...

Gostei bastante do poema, Heyk. Acho que teve êxito na sua proposta, que li "postumamente", sem preocupar com o sentido particular, deixando-me ser guiado. Se não protesta, linko teu blog para visitas mais frequentes. grande abraço!

Heyk disse...

Brigado, gutô.

A coisa é dar de cego. Acho que a sensibilidade do cego é bem maior.

crédito do desenho no cabeçalho: dos meses duro, nanquim sobre papel, 2010 Philippe Bacana