sexta-feira

Figos verdes

As clavas dos favos de fogo são maçãs pra eu me vestir. Metais autônomos submergindo às lascas num balde de causa. Cóleras dermatites e antropofagia na árvore baleada por dádivas de piedade. Figos verdes no lugar do porvir.
Caí. Num grão dessa normalidade eu sigo de ser tão pequeno do dentro de mim que amarro num suspiro curto esses olhos curtos de olhar pra mim. Fui cortado do véu às chamas pra ser também as chamas que eu me fantoche trouxe até aqui. E curto eu bato o pé no vento descarto que lembro que eu descolori. Descubro cinza mancha o nada vindo do amor pra desaguar em mim.

12 comentários:

FlaM disse...

Fique um pouco tonta, de sede, amor e lindeza.
Ando meio tonta.
Ardo meio lenta
Alguma parte me lembrou um poema que um dia quero te mostrar, chama lapidar-te e nunca ninguém viu ainda.
O poema vem da palavra. E eu vinho tinto por ti...
bj... de sol
flam

Beatriz disse...

Gritei!;))

Lindo, hein?

Quase tem ponto;))rsr

E vc indo embora nos figos favos, no vento. desaguando amor que lhe baste o seu véu em chamas.

Heyk, este eu adorei. Desceu macio, entrou explodindo.

tutti baci

Guto Leite disse...

Gostei, poeta, gostei! Confessando que não tanto dos últimos versos, talvez pela rima que me soou insistente. De toda forma, é bom! Tua linguagem age diferente na superfície das coisas.
Grande abraço e boa semana!

william disse...

Inicio num ritmo ininterrupto, me dá a sensação de uma escrita corrida , pra que as imagens não fujam. Então o respiro vem no "caí", de volta ao pequeno ao normal, me fez lembrar do "quase topo " do Isaac.
Aí concordo com o Guto, já acho que as últimas linhas perdem um pouco do andamento.
Até.

FlaM disse...

Pois a mim me encanta é justamente a habilidade de cambiar, combinar e harmonizar os os ritmos.
O final é grande sem ser (ou justamente por não ser) um gran finale.
bjs, flam

Heyk disse...

Que coisa mais doida, né?

É, aconteceu mesmo, foi um poema que os 'is' 'ir' e 'im' 's insistiram. Foram eles não fui eu. Aí fui mexer e talvez ainda mexa, mas achei eles sinceros. Aí a cabeça furou, nada entrava ali que não rimasse, vc pensava em rima, e enquanto não terminei o poema não parava de vir coisa rimando na minha cabeça, aí tive de enterrá-lo e nascê-lo assim. com i's.

Aí assumi a insistência. A maldita é recorrente.

Bjos a todos. Todos lindos e amigos mesmo.

- à turma das meninas pra quem a barreira é menos barrante.
- e a turma dos meninos, que não se contentam.

engraçado como a permissão e o contentamento, a barreira e a crítica podem ser irmãs tão bonitas aqui pra presses lados.

Viva.

Isaac Frederico disse...

fala eikô !
a meu ver o maior triunfo deste tiro é nitidamente o ritmo, a corrida, a musicalidade, a métrica de um curinga.
o conteúdo em si me fisgou menos, e quando a gente se reencontrar quero fazer essa pergunta covarde: o que se passa nesse teu côco quando tu tá armando a pólvora do tiro, meu querido bandido.
abraços

Heyk disse...

essa eu não respondo, acho que porque não sei. E outra, se eu responder entrego os pontos. O enigma da criação acaba.
Mas vou dar um dica parecida: vai escutando coisa na rua, vai lendo bula de remédio e vendo pornô-chanchada, aí não decora não, mas presta a tenção com o ouvido de um músico que tá caçando é som no ruído do metrô.

Aí vai ter hora que essas escutadas vão juntando e sai um poema. A diferença é que não é só pra fora que eu olho. É muito coisa interna. Mas funciona assim, pretando atenção no sonoro do que eu tenho a resmungar.

Beatriz disse...

É, aconteceu mesmo, foi um poema que os 'is' 'ir' e 'im' 's insistiram. Foram eles não fui eu. Aí fui mexer e talvez ainda mexa, mas achei eles sinceros.

se mexer, cuidado. a musa - inspiração - (ai, os rapazes vão me matar rsr) pode não gostar.

E continua a prestar atenção nesse resmungo sonoro. ele rende, Heyk.

mari lou disse...

"Fui cortado do véu às chamas pra ser também as chamas que eu me fantoche trouxe até aqui."

tem crase q o som ñ diz ser crase, mas esse disse. ficou bem nítido na leitura voz alta, a diferença das duas - crase/não crase. sei lá, meio louco isso, ñ sei explicar bem. mas, d qualquer forma, a crase fez com q as chamas se diferenciassem. a primeira chama, profunda; a segunda, coisa d superfície.

sei lá. doidice.

é como se o eu q fala aí viesse correndo, numa floresta bem densa, cheia d troncos, pulando tudo, atravesando na pancada.

e de repente, por um buraco qualquer, ele cai num deserto beeeeem grande, daqeles com montão d dunas e bastante areia d entrar na meia, onde tem espaço pras construções mais longas. o passo fica lentinho.

hahahah mais doidice. fzer o q se é isso q vc provoca com os textos, néa? hehehehe

agora q eu li, pensei: mas o cara aí fugia d q correndo louco pela floresta? hahaha, descobri! d"As clavas dos favos de fogo"... d mais "Cóleras dermatites e antropofagia na árvore baleada por dádivas de piedade." tinha d correr forte mesmo!!!!



e, ó, revela mesmo ñ o segredo. receita d escrever poema acaba com a sombra necessária pra ser arte. pq, no fim das contas, nem vc sabe como nasce. objetivar só a ilusão da letra em poema. o resto, é silêncio.


massa! nunca mais havia eu por aqi... jah saudades dos abismos aqi! hahaahhaah

bjocona,

téa!

FlaM disse...

só não me inclua entre as meninas, heyk. Que, pelo amor de deus, isso não sou!
bj, f

Heyk disse...

gente, menina não deixa de ser menina fácil não.

crédito do desenho no cabeçalho: dos meses duro, nanquim sobre papel, 2010 Philippe Bacana