terça-feira

Vida Bárbara

Andava admirada por jovens profetas e performava
como um amor antigo. Na quadriculado justo dos
casacos coadjuvou vidas, pôs vergalhões em
flores, manteve, por rodopios, longe o cheiro
podre do que já morria.
Cantou odes de sua extensão geográfica, deu
quilos grátis de alegria a quem passasse triste.
Uma manhã de buzinas, de bexigas purulentas, ela
atendia dúvidas de peregrinos e os olhava
disfarçada de desejo, seu desejo era por si.
Vida imensa, mesma.
Sorria goles de cerveja, flanava o desabrigo da
calçada. Criou mitologias cubanas e deus, deixou
fiéis e foi embora com quem tem sapato
mas "quem tá de sapato não sobra
não pode sobrar"

3 comentários:

CèS disse...

Heyk, não entendo por que o seu blog chama Entre Águas se você soa tão terreno, tão concreto, tão não-elementar e nem representa um povo perseguido cruzando um mar curtindo uma resseca (e não uma ressaca).

Tô pensando em você. Acreditaí na metafísica.

Heyk disse...

Nêga, o nome foi intuitivo, mas tem a haver com a dimensão concreta da água mesmo. a da correnteza, a da enchente, a do arrastão, a do hibridismo, das contaminações, do sem fronteiras, do envolvo de turbulências, sabe? a das dúvidas, é como se fosse um não lugar: só que não é encima do muro, é entre águas. Nem uma coisa não outra, e sempre com a pressão do encontro de dois rios.

Sidnei Olivio disse...

Parabéns, meu caro, vc navega fazendo histórias. Abraço.

crédito do desenho no cabeçalho: dos meses duro, nanquim sobre papel, 2010 Philippe Bacana