Nesse sábado acontecerá a abertura da intervenção S.O.S Poesia, de Renato Rezende e Dirk Vollenbroich, no Museu de Arte do Rio, o MAR. As luzes do Museu piscarão durante um mês em código morse, quem decodificar descobrirá poemas contemporâneos com temas políticos, dentre os quais um poema meu. No mesmo sábado o coletivo És uma Maluca completa um ano e a comemoração/exposição será realizada na sede do grupo, rua Teodoro da Silva, 383, Vila Isabel, Rio de Janeiro. Ainda nesse dia 7 de março, a revista Garupa lançará seu segundo número, a edição mais ou menos um, que vem com poema meu também. E é isso mesmo, tudo será no mesmo dia, na mesma hora e tentaremos nos desdobrar pra ver. Colo aqui o poema "Uma ponte, uma grande ponte", escrito do calor da hora das manifestações de 2013 e publicado originalmente da antologia digital Vinagre, uma antologia de poetas neobarracos, iniciativa de Eduardo Sterzi e Fabiano Calixto.
Aguarde veneno da água parada
Waly
Salomão
e desligo a árvore final da paisagem
com a água
quase no ponto de virar mármore
Armando
Freitas Filho
como extrair da brutalidade dos fatos
esse diagrama do futuro
onde se abre
aquela flor central
Marcelo
Ariel
que se passa poeta
adiaste
o futuro?
Ferreira
Gullar
no gado é que dormimos
e nele que acordamos
Carlos Drummond de Andrade
Hoje houve
um passeio
apinhado de gente
mas
a ilha acabou
e todos
marcharam parados
nas margens nas bordas no limite
apertando os pés
contra a ilha
pra lhes nascerem
asas
ou lama
e areia
virarem chão
batido
e excrescesse
soerguesse
envergasse
por cima da água
aumentasse
e mais
tanto
que a ilha
vendo o chão ir em frente
entre céu e oeste
andasse
fez-se um jardim colorido
pra chamar os marchadores
de volta
eles queriam o continente
serraram os pés de uns tantos
cicatrizava
e a verga tocou o outro lado
nomeou-se ponte
e a marcha atravessou
o mar
Rio de Janeiro, 14 de junho de
2013
em cinco capitais do país o movimento
contra o aumento da passagem ganha força, é caluniado e sofre repressão severa.
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