quarta-feira

Pétalasa


Pictogramas se alastram na derme da moeda

Verdades múltiplas na determinação do óbito

Naves espaciais nos tetos

Dos prédios de enxofre

A redenção vem com o

Cheddar o barbecue

São soldados que costuram emblemas

A preços módicos Nas armaduras

Novos Hamsés sem rosto

Nas colunas marrom-sangue

Império de algemas diluído no vento

A árvore borboleta soou grave

E a pétalasa se descolou do seio

Felicidade bônus hora com desconto na galeria

Um milhão de pés ronda um pão doce

São presságios de uma estátua viva

Segurando um galão de gasolina

Gestos genéricos substituem sons

Cavalos mudos marchando para o abismo

E no consenso do concreto armado

Novos monumentos inauguram

A moral do dia

6 comentários:

Rachel Souza disse...

É... Pessoas engessadas de atitudes cozidas.

Victor Meira disse...

Senti um café da manhã observando a cidade em vitrine pela janela. Ali da padoca. Mortadela com vivacidade social e pensamentos digestivos. Coisa gostosa mesmo.

mari lou disse...

percebi agora q ñ gosto mto dos teus poemas em terceira pessoa.

"Verdades múltiplas na determinação do óbito /(...)/A redenção vem com o Cheddar o barbecue"

o poema, para mim, adquire um tom profético... ñ gosto d apocalípses.

mas isso é uma coisa pessoal mesmo, d gosto, d ñ gostar do tom q o poema adquire. ñ q isso seja ruim, saca? é q pra mim, ñ rola mto.

mas, contudo, no entanto, todavia, vc é fazedor d ótimas imagens, gostei principalmente desta: "A árvore borboleta soou grave / E a pétalasa se descolou do seio"... "pétalasa", imagem forte, viva; acertiva como título. esses versos me falaram d uma grandeza q ñ é solapada por "concreto armado" e "novos monumentos", apesar d tds os "presságios de uma estátua viva / Segurando um galão de gasolina".


enfim, mais leituras!

bjo, qerido caramelo,

té!

Zé(d's) disse...

aeeeeeeeee dá-lhe concretismo! ah ah uh uh

Zé(d's) disse...

a aliteração em R, com palavras como direção ("é uma palavra quadrada, difícil dar tônus poético" - CARAMBA!!!!!), etérea e cavalar serviram justamente para dar a noção de entrave... a não-vida... o bloqueio vivenciado...

o uso da segunda pessoa do plural é joguete de falso poeta... QUEM USA SEGUNDA PESSOA? A resposta é ninguém... todos abandonaram o "vós"... meninos abandonados... sacou, hein, hein? haha


sobre envelhecer o poema, acho que um cara que escreve soneto decassílabo, com esquema abba abba cdc cdc, e verso heróico não tem muito o que esconder: prefiro as formas velhas... é verdade... pricipalmente os hipérbatos e inversões barrocos... além das abundantes adjetivações parnasianas...

amém e obrigaduuuuuuuuuuu!

Anônimo disse...

depois inventam listas pra saber qual o mais bonito. além de inaugurar, preservam a idéia calcada em tapa-olho. ainda choro ao ver os rostos profundamente sorridentes dos que deceparam metais de Stalin em praça pública.

crédito do desenho no cabeçalho: dos meses duro, nanquim sobre papel, 2010 Philippe Bacana