domingo

Garimpeiro de alumínio

Peregrina e pasta
encurva fuça e acha
Revira e adorna a falange
no campo aberto de prata

Garimpeiro de alumínio peneirando lata

De sorriso mal vestido
Cada lapa uma serra pelada
Cada lapa sua serra pelada

Filho do tambor colorido
e do vestígio de vidro
Adestrando um futuro ancestral

Garimpeiro de alumínio peneirando lata

Arbustando o silêncio
do jardim de quem passa
Garimpeiro transparente
vira lixo com o lixo que caça

Imerso no chorume que come
Morre de micose
Pé atolado de cidade na idade da pedra
Seu mercúrio chega a galope

Rio, escadaria da biblioteca nacional, 2009/2010

6 comentários:

Flora Dutra disse...

!

Flora Dutra disse...

A chuva - 8 de abril - meu aniversário - e choveu. Enfim.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

curioso, tava lendo isso aqui e me foge um pouco onde exatamente te tangencio na poesia
talvez um nem tanto nem tão pouco..!
mas rola uma identificação fremente,
nesse e naquele "vida bárbara" então, um bocado...

ah, e esse patriarca quebradiço tá indicutivelmente foda.

Arthus disse...

poeta de rua e sua paisagem

Peter Zoster disse...

olá heyk. estou, as poucos, adentrando as águas que correm aqui e acho que por vezes me achei entre elas.

o garimpeiro que você desenhou com palavras é quase um despertar, uma fotografia da vista crua que tantas e tantas vezes passa por nós nas ruas, sem click, só pena.

abraço

crédito do desenho no cabeçalho: dos meses duro, nanquim sobre papel, 2010 Philippe Bacana