quarta-feira

Corpus Crhisti

Outono do corpus da tarde nas ruas, brisa de sol e nariz vermelho. Escorro. Que valia a tarde dentre a procissão de cores? O almoço na terra, a manga dobrada da lagoa? Palpitava em quê meu corpo novo, passando tantas vezes na doceria sem comprar nada? Chutar o feriado com a serragem. desfazer as pombas nas cruzes. Minha cor de melhor roupa, acompanhado de passado. A brisa de sol deve ter entrado em mim pela calça preta de mentira pra me avisar hoje do outono, da lembrança do nariz vermelho, dos jogos do ginásio onde apareceu a mãe de bicicleta brava e me fez subir na garupa sem me despedir.

3 comentários:

Rachel Souza disse...

Há tempos não tiro um feriado sabático, desses que nos guarda a instituição do merecimento. Meu corpus crhisti será ao fim desse mês e pra trabalhar!rs E em setembro também...pra trabalhar. Sabe,entendi, abandonando os trabalhos chatos (quando posso), que trabalho é extensão prazerosa do tempo, é satisfação. Diferente da relação que o protestantismo criou, onde o trabalho se transforma em religião pela idéia de prosperidade. Ou até mesmo a visão de Zola, contra as praças e o tempo vazio, da idéia de ausência como falta e mais nenhuma leitura possível. Ai, mil conjecturas...rs Mas pra encerrar, tenho lido Bataille e, para além dos verbetes de seu dicionário,gosto de como enxerga a arte, como uma alternativa para o preenchimento desse espaço vazio, sendo ela uma celebração do mesmo.
Gostei do poema, ele me fez lembrar de todas essas relações, a de que, o trabalho sendo autoral,preenche como nenhuma outra coisa e ainda dá um tesão fudido!

Laurent Gabriel disse...

http://pedroriosleao.wordpress.com/
Depois vê lá. Ab. Laurent.

Priscila Milanez disse...

adorei a prosa curta. Cheia de cores e imagens como teus poemas! Tempo que não passava por aqui. Beijo, rapaz!

crédito do desenho no cabeçalho: dos meses duro, nanquim sobre papel, 2010 Philippe Bacana